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VOCÊ ESTÁ AQUI » HOME » ESPÉCIES CINEGÉTICAS » VEADO

 

Nome comum: Veado
Peso: 100 – 200 kg
Comprimento: 1,65 – 2,5 m
Altura (altura do garrote): 1,20 m

A sua área de distribuição estende-se desde a Europa até à Ásia e Norte de África. Foi introduzido nos Estados Unidos da América, Argentina e Nova Zelândia.

Grande mamífero herbívoro (família Cervidae) de pelagem castanha avermelhada homogénea nos adultos (as crias têm nos primeiros meses de vida a pelagem mosqueada – como protecção contra os predadores).
Os machos têm armação de hastes cilíndricas ramificadas, de extremidades pontiagudas, cujo crescimento e queda está relacionado com a actividade dos órgãos sexuais (caracteres sexuais secundários) e atingem a sua forma característica por volta dos 7-8-anos. O desmoque (perda da armação) ocorre normalmente entre Fevereiro e Abril (mais precoce nos adultos que nos varetos ou cervatos) e dura algumas horas, começando de imediato as novas a crescer. O desenvolvimento das novas hastes dura cerca de quatro meses, e está condicionado pelo estado de saúde do animal e pela abundância de alimento. As novas hastes estão cobertas por veludo (tecido irrigado por muitos capilares) que quando as armações estão completamente desenvolvidas começa a endurecer, causando incómodo ao animal, que roça as hastes nas árvores e por vezes no chão, por forma a perde-lo. No caso de anos de muita seca, podemos encontrar em Julho, e mesmo em Agosto, machos com armações completas ainda com veludo.

É o maior cervídeo da fauna portuguesa, constituindo também o trofeu mais valioso. É um animal de grande porte, de membros esguios, dorso direito e garrote saliente, sendo ao mesmo tempo forte, ágil e prudente. Em Portugal as maiores populações de veado (sem contar com zonas vedadas e onde foram feitas reintroduções) correspondem às zonas de Moura/Barrancos, Castelo Branco/Idanha-a-Nova e Bragança.
Esta espécie tem preferência por bosques de folha caduca e matagais. A sua alimentação é constituída por folhas das quercíneas (carvalhos, sobreiro e a azinheira), da oliveira, choupo e freixo, bem como de algumas árvores de fruto (ex: figueira). Alimenta-se também dos seus frutos (bolotas, castanhas e azeitona), bem como de outros frutos do campo, cogumelos e pasto (tanto herbáceo como arbustivo).

Durante o ano os machos adultos e as fêmeas andam separados (formando grupos distintos), andando os machos jovens com as fêmeas. Na altura do cio (começa no fim do Verão princípio do Outono) formam-se grupos constituídos por um macho e algumas fêmeas (pode variar entre 1 e vinte fêmeas, número que depende da razão entre os sexos e da densidade populacional).
Na altura da reprodução o macho delimita previamente o seu território, efectuando a sua demarcação através de sinais odoríferos (esfregando o mato com a armação), defendendo-o de outros machos (às vezes com combates ferozes), e através de um sinal sonoro, a “brama”, ronco seco e profundo, desde o fim do dia até às primeiras horas do dia seguinte. A brama é função do cio das fêmeas, e como tal pode variar de local para local. O veado tem dois tipos de comportamentos durante a época da reprodução: agrupa um conjunto de fêmeas que controla; defende o seu território.

A maioria das fêmeas atinge a maturidade sexual por volta dos dois a três anos de idade, enquanto os machos podem reproduzir-se desde o momento em que as suas hastes estiverem totalmente desenvolvidas. A gestação dura cerca de oito meses, e os partos (normalmente simples) ocorrem a partir de Maio. As crias passam os primeiros dias de vida escondidas.
Durante o Verão, antes da brama, o veado passa o dia deitado em locais mais frescos (encostas voltadas a norte e zonas mais sombrias) normalmente com mato denso, embora também frequentem as zonas próximas das cumeadas (mais soalheiras).
As mudanças recentes na legislação cinegética nacional, bem como as alterações na paisagem rural e a necessidade de adequar a política florestal às novas realidades, conduziram à necessidade de incluir a noção de uso-múltiplo na gestão florestal. Um dos efeitos destas alterações foi o gradual aumento do número e, consequentemente, da importância das zonas de caça na economia de algumas regiões do nosso país. Paralelamente, a expansão das áreas de distribuição das nossas espécies de caça maior (principalmente o javali e o veado) e o aumento da dimensão das suas populações, conduziram a um maior aproveitamento deste recurso. O aumento dos efectivos em Espanha também contribuiu, pois algumas reses atravessaram a fronteira e instalaram-se em zonas do território português.
O objectivo da gestão de uma população de veados com fins cinegéticos é dispor de machos grandes, com armações de determinadas características, por forma a que estes deixem os seus genes na população (garantindo assim a continuidade de bons troféus) e garantam o sucesso da exploração cinegética.

Como já foi referido, as populações de veado em Portugal têm aumentado, com particular incidência a partir da década de oitenta, fruto quer do aumento das populações espanholas quer do êxodo rural, verificando-se a expansão da sua área de distribuição no nosso país, podendo não só ser observado nas muitas zonas de caça turística criadas desde então, mas também em zonas não cercadas do interior. As densidades variam de região para região mas, no geral, na Península Ibérica rondam os 0,1 a 0,3 veados por hectare, embora se consigam ter densidades de 0,7 reses por hectare, já consideradas bastante elevadas. Nas nossas latitudes estes valores são mais baixos do que no resto da Europa.
Nalgumas das regiões, as populações atingiram densidades excessivas, causando um aumento dos prejuízos em culturas agrícolas e florestais, diminuição da qualidade do pasto, do alimento disponível e outros impactes negativos no ambiente onde vivem. Do ponto de vista da gestão cinegética, este aumento implicou uma diminuição da qualidade dos troféus, fertilidade das fêmeas, da taxa sobrevivência das crias, da taxa de recrutamento e na condição física dos animais.
A diminuição da disponibilidade de alimento afecta em primeiro lugar os machos (principalmente os mais velhos), pois pensa-se que as fêmeas são melhores competidoras na alimentação desfavorecendo a nutrição dos machos, e assim haverá um reflexo negativo na qualidade dos troféus, o que prejudica a actividade cinegética (apesar de haver mais animais), pois as hastes dos machos ficam mais pequenas e mais simples (pouco ramificadas).
Assim, para além de ser importante saber a capacidade de suporte do meio e o tamanho ideal da população, é importante gerir a razão entre sexos, sendo do consenso geral que o número de fêmeas deve ser igual ao de machos (ligeiramente inferior). Assim, quando são verificadas grandes populações de veado com muito mais fêmeas que machos, a extracção de fêmeas (juvenis e não lactantes), pode contribuir para melhorar o estado sanitário da população e a fertilidade das fêmeas. Diferentes processos de caça implicam diferentes opções de gestão da pirâmide etária e da dimensão da população. Se pretendermos privilegiar a caça selectiva ou de aproximação, teremos de ter menos animais, com trofeus melhores, e no caso de da montaria, interessa ter mais animais, mas com menor qualidade dos trofeus.

O pastoreio de gado doméstico pode influenciar negativamente as populações de veado, devido à maior competição pelo alimento e pela presença do rebanhos. Contudo, uma gestão cuidada deste pastoreio pode favorecer a qualidade do pasto e o controle da vegetação herbácea e arbustiva, contribuindo assim para a gestão de populações bravias de caça maior. Normalmente os resultados são melhores quando combinamos veados e gado bovino, pois alimentam-se de forma não selectiva, promovendo a diversidade do pasto e melhorando a fertilidade do solo através da urina e das fezes (em relação ao uso de ovelhas ou cabras, pois estas competem pelo mesmo tipo de alimento e alimentam-se de forma semelhante). A caça menor quando praticada intensivamente também pode não favorecer as populações de veado. Nestes casos sugere-se a existência de uma área vedada a esta prática, que sirva de refúgio para a caça maior. As parcelas de floresta quando geridas com a finalidade de produção de madeira não constituem habitat favorável a esta espécie, pois para além de não fornecerem pouco alimento, dificultam a mobilidade das reses. Contudo nalgumas regiões nota-se alguma preferência por eucaliptais abandonados com pouca densidade de árvores, que disponibilizam algum alimento e protecção (devido ao crescimento da vegetação espontânea). No entanto esta preferência é muitas vezes o resultado da pouca qualidade do habitat envolvente. A nível do habitat será aconselhável criar uma diversidade de vegetação sob-coberto, associada a ecossistemas florestais (como o montado de sobro e/ou azinho), pois as árvores disponibilizam alimento de elevado valor nutritivo (frutos e rebentos), preferido pelos veados quando disponível (como por exemplo o caso da bolota). Um elevado número de árvores dificulta também a actividade do caçador.

No que toca à alimentação e sendo o alimento um dos principais constrangimentos das populações bravias, interessa saber a composição da dieta alimentar das nossas populações e quais os períodos de carência de alimento, pois podem existir variações regionais e temporais. No Mediterrâneo, no fim do Verão, existe pouca disponibilidade de plantas herbáceas, aumentando o consumo de alimento do estrato arbóreo. A altura das chuvas outonais e a as chuvas de Inverno condicionam a qualidade e quantidade de alimento de Primavera.
A vegetação lenhosa predomina em relação à herbácea no fim do Verão/princípio do Outono e, quando o pasto é melhor, fins do Inverno/princípios da Primavera, aumenta a componente herbácea, embora se alimentem também dos rebentos das árvores. Os frutos, quando existem (ex: bolota), são a componente predominante e as outras duas diminuem significativamente. O estrato herbáceo é fundamental para o estado físico dos animais, pois em condições de pouca qualidade de pasto, os animais perdem corpulência (peso), desenvolvem hastes com pouca qualidade (com poucas pontas e sem contra-estoques).
Pode ainda ser fornecido alimento suplementar e recomenda-se a disponibilização de sal próprio para estes animais (fornecendo os sais minerais necessários à formação das hastes, complementando aqueles que são fornecidos pelo alimento). O pasto pode ser melhorado semeando, por exemplo, trevos. As culturas para a fauna podem contribuir para a fixação dos animais em zonas onde o seu impacto não seja prejudicial.

No caso de se quererem recuperar populações com baixas densidades, e nas quais se observe perda da variabilidade genética, a introdução de animais pode ser uma medida a tomar, sempre acompanhada de uma cuidada gestão do habitat (alimento e coberto) e da pressão cinegética (a caça selectiva é uma boa medida par retirar os animais defeituosos). A escolha do local de largada é muito importante quando largam animais do meio e este local deve oferecer alimento de qualidade (pasto quer de folhosas), abrigo, pontos de água e pouca perturbação humana, pois assim diminuímos a probabilidade de dispersão dos animais libertados, aumentando o sucesso da largada. Quando este processo é bem feito, e apesar de puderem ocorrer diferenças entre indivíduos de idade e sexo diferente, a taxa de dispersão será bastante reduzida.


Por tudo isto e tendo em conta a diversidade de formas de exploração da terra, a estrutura da propriedade (que muitas vezes condicionam a exploração cinegética de espécies de caça maior), a gestão de populações de veado deve ser encarada de forma global (ao nível da população e não ao nível da propriedade), minimizando deste modo o possível impacto noutros usos do solo, reduzindo sempre que possível as barreiras físicas que constituam obstáculos à livre circulação das reses, permitindo assim que a exploração deste recurso se faça de uma forma sustentada, contribuindo para o desenvolvimento rural e contrariando o abandono generalizado das zonas onde estão inseridas.

Informação retirada do website http://www.confagri.pt

 
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