Nome
comum: Rola-brava
Nome científico: Streptopelia turtur
Outras designações: Rola, rola-comum
Peso: 130 – 180 g
Comprimento: 26 – 28 cm
Envergadura: 47 – 53 cm
Fenologia: Nidificante
A
rola-brava é um pequeno membro da família dos pombos e
rolas (Columbidae), de pescoço fino, de forma semelhante
a um pombo, embora mais leve e de cauda mais comprida.
A plumagem é azul-acinzentada no corpo e cabeça, e
branca no peito e nas coberturas infra-caudais. De cada
lado do pescoço possui riscas brancas e pretas
(característica que a destingue da outra espécie de rola
que pode ser observada no nosso país, rola-turca –
Streptopelia decaocto). A cauda possui uma banda
terminal branca. A pele à volta do olho e das patas é
avermelhada. Apesar de não haver dimorfismo sexual,
existem ligeiras diferenças entre sexos, entre
indivíduos de diferentes idades e raças quer na plumagem
quer no tamanho.
No Paleártico Ocidental existem quatro subespécies de
rola, Streptopelia turtur: a S. t. turtur encontrada na
Europa e Ásia Ocidental; a S. t. arenicola que ocorre
desde o Norte de África até ao Médio oriente; a S. t.
hoggara mais restrita ao Sahara Central; e a S. t.
rufescens no Egipto e norte do Sudão.
As duas primeiras são migradoras, passando o Inverno no
Norte de África e no Sul de Sahara, enquanto as outras
duas ou são sedentárias, ou realizam pequenos movimentos
migratórios.
Na altura da reprodução, a rola-brava (S. t. turtur)
migra até à Europa (desde a zona Mediterrânica até às
regiões mais a norte), estimando-se que esta população
seja de entre 2,8 e 14 milhões de casais reprodutores.
Em Portugal tem estatuto de “vulnerável”.
As boas condições que a Península Ibérica tem para a
reprodução e para alimentação (bosques e culturas
cerealíferas), são a razão pela qual alguns indivíduos
se fixam no nosso país. É uma espécie cinegética
bastante apreciada pelos caçadores.
O habitat preferido por esta espécie na Europa,
compreende um mosaico de orlas, matos arbustivos,
bosquetes e zonas abertas, onde se alimenta. O alimento
é composto basicamente por sementes bravas e agrícolas
(alimenta-se preferencialmente no chão). A época da
reprodução começa assim que chegam aos locais de
reprodução. Espécie monogâmica.
O ninho é normalmente uma pequena plataforma de ramos
finos, construído principalmente pela fêmea, na copa das
árvores ou arbusto altos, podendo também ser feito no
meio da vegetação (numa orla) ou em árvores isoladas. As
posturas variam entre um a três ovos, sendo a média de
dois. Podem realizar até três posturas com sucesso,
embora possam construir mais ninhos e realizar mais
posturas de substituição, no caso de se perder uma
postura ou juvenis. A incubação dura 13-16 dias, e é
realizada quer pelo macho como pela fêmea.
Cerca de metade dos ovos postos eclodem com sucesso,
sendo o restante predado (especialmente por corvídeos,
como o gaio, Garrulus glandarius, e as pegas),
abandonado ou perdido (por exemplo devido a
infertilidade). Os juvenis tornam-se adultos, com
capacidade de se reproduzir ao fim de um ano.
O território de reprodução de um casal reprodutor de
rola-brava pode variar entre 0,75-9,90 ha (valores
obtido num estudo em Inglaterra, Browne & Aebischer,
2001). As zonas de floresta e de matos são os locais
preferidos para a construção do ninho.
Na altura da reprodução a densidade de rolas pode
oscilar entre valores de aproximadamente 0,5 territórios
por km2, até valores de 30 territórios por km2,
dependendo da qualidade do habitat disponível.
As rolas podem percorrer grandes distâncias para se
alimentar e muitas vezes o território de reprodução não
coincide com o de alimentação. Os locais de alimentação
têm normalmente vegetação baixa e pouco densa. As
sementes de culturas agrícolas são muito importantes,
embora a quantidades ingerida não seja igual durante
todo o ano, pois estas estão disponíveis imediatamente
antes e depois de serem colhidas. As sementes agrícolas
têm um valor nutritivo mais elevado do que as sementes
bravias, e por isso o aumento do seu consumo é
extremamente benéfico para o sucesso reprodutivo das
rolas, apesar de não ser determinante.
As modificações na paisagem agrícola alteraram o
comportamento reprodutor e alimentar das rolas. A
diminuição da área agrícola, apesar de não afectar o
sucesso reprodutivo directamente, contribui para a
diminuição da condição física dos adultos (devido à
menor disponibilidade de alimento e à maior distância
percorrida entre o local de nidificação e as áreas de
alimentação). Consequentemente o número de tentativas de
postura será menor, diminuindo a taxa de reprodução.
Os estudos mostram que o número de tentativas de
nidificação por casal diminui nos últimos 40 anos. Ao
chegarem da migração, os adultos precisam de mais tempo
para recuperar do esforço, pois levam mais tempo a
encontrar alimento, e por isso atrasam a primeira
postura. A necessidade de efectuar grandes deslocações
para se alimentar, pode levar a que os adultos deixem de
nidificar mais cedo, começando a preparar-se para a
migração até aos locais de invernada.
O aumento do uso de herbicidas diminui o número de
espécies vegetais bravias numa área agrícola, tornando
estas áreas menos atractivas para a alimentação. No
Reino Unido a disponibilidade alimentar foi um dos
factores que provocou uma diminuição na população de
rolas.
Assim, é necessário diminuir a quantidade de áreas
contínuas de agricultura intensiva. Deve-se instalar
parcelas que favoreçam as plantas anuais bravias, onde
não se apliquem herbicidas e que necessitam de ser
cortadas (não permitindo a sua transformação em densos
matagais). A criação de mosaicos de zonas agrícolas,
bosques e parcelas vegetação herbácea natural,
proporcionará às rolas locais para nidificação (árvores
e orlas) e zonas de alimentação.
A instalação de comedouros não parece colmatar a fraca
disponibilidade de alimento em zonas de agricultura
intensiva. No entanto, uma correcta instalação de
cevadouros, tendo em atenção a sua construção, a sua
localização e a sua cor, pode colmatar algumas
deficiências. A instalação de culturas para a fauna pode
ser uma das medidas que favoreçam a recuperação das
populações desta espécie (bem como de outras espécies
cinegéticas).
A população desta espécie tem vindo a regredir, quer em
número quer em área de distribuição, durante a última
metade do século passado. Por exemplo, estudos
realizados pela BTO (British Trust Ornithology, do Reino
Unido), relatam uma diminuição de 70% da sua abundância
desta espécie no Reino Unido, durante 1970 e 1978.
Esta redução pode ser o resultado de um conjunto de
factores quer no local de invernada, quer nas rotas
migratórias, quer durante a época da reprodução. Por
isso, torna-se necessário um esforço integrado por todos
os países envolvidos.
A intensidade da pressão cinegética deve ser gerida por
forma a diminuir os impactos negativos que pode
provocar. Esta situação é particularmente grave nos
países por onde passam as rotas migratórias e assume
papel fundamental no Norte de África, onde ainda são
permitidos alguns métodos de caça que não têm por base a
exploração sustentável dos recursos bravios.
O desenvolvimento do turismo cinegético nestas regiões,
não foi acompanhado pela implementação de um conjunto de
regras de gestão cinegética racional, tornando a
actividade pouco sustentada.
Para além disso, o desenvolvimento da agricultura
(através de planos de rega bem estruturados) nalguns
países do Norte de África, como Marrocos, tem
proporcionado às rolas em migração excelentes locais de
reprodução.
Estes dois últimos factores, conjuntamente com as
mudanças na paisagem agrícola europeia, são a principal
razão da diminuição do número de indivíduos que vem
nidificar à Europa, e somente na Grécia, a pressão
cinegética é a principal razão.
Contudo, persistem grandes lacunas no nosso conhecimento
sobre a rola-brava e sobre a sua relação com o habitat,
quer durante a nidificação, quer durante a migração,
quer nos locais de invernada. Por exemplo, é importante
determinar com rigor a época de reprodução das rolas (em
cada região) por forma a minimizar a sua sobreposição
com a abertura da caça, bem como determinar quais os
locais preferenciais para a reprodução.
Tendo em conta o futuro desta espécie no nosso país, é
fundamental monitorizar as nossas populações de rola e
obter informação sobre todos os dias de caça,
padronizando as diversas metodologias, de maneira a
produzir informação credível, e actualizada, sobre a
rolas e a sua caça.
Informação retirada do website http://www.confagri.pt |