Nome
comum: perdiz-vermelha
Nome científico: Alectoris rufa
Outras designações: perdiz-comum
Peso: 700 g.
Comprimento: 34 cm
Fenologia: Residente
A
perdiz-vermelha, por ser relativamente abundante em
quase todo o território nacional, e pelas suas
qualidades desportivas (comportamento), é provavelmente
(e nalgumas zonas a par do coelho, Orytolagus cuniculus)
a espécie cinegética mais apreciada pelos caçadores
ibéricos. Estas duas espécies são as presas principais
da maioria dos grandes predadores da Península, sendo
por isso a sua gestão essencial, não só para o futuro da
actividade cinegética (no que à caça menor diz
respeito), mas também por complementar os esforços de
conservação que têm vindo a ser realizados em Portugal e
Espanha.
A perdiz é uma ave terrestre de aspecto arredondado. O
cimo da cabeça é cinzento com uma faixa branca comprida
que passa por cima dos olhos e listra ocular que se
estende pelo pescoço até à barra peitoral malhada,
envolvendo o mento e a garganta. Tem os pés e bico
vermelho. A garganta, de cor creme, tem uma faixa branca
marginada de preto.
Espécie gregária, podendo também ser avistada em grandes
bandos, especialmente no fim do Inverno, bandos esses
que são desfeitos no início do período reprodutivo. Pode
ser encontrada em quase todas as regiões do nosso país,
preferindo zonas mais abertas com parcelas de culturas
agrícolas e outras de mato mais denso, em que existam
pontos de água durante o período mais quente do ano.
Alimenta-se preferencialmente de sementes e rebentos de
plantas bravias e agrícolas, consumindo também insectos
(componente principal da alimentação dos perdigotos),
moluscos e outros invertebrados.
Tem no mimetismo a sua maior defesa, tanto no caso dos
adultos como dos perdigotos, e geralmente não usa o voo
como meio de fuga, preferindo correr e esconder-se. O
voo é normalmente utilizado como último recurso de fuga,
voando poucos metros até uma zona com mato mais denso
onde se possa esconder. O voo da perdiz é geralmente
curto e pesado, mas rápido e direito, emitindo um som
muito característico (uma das maneiras de a distinguir
da perdiz-cinzenta, Perdix perdix).
Aos machos
cabe a escolha do território, a sua defesa (são bastante
agressivos e não toleram a presença de outros machos).
As fêmeas são atraídas através do chamamento
característico. A escolha do local para o ninho é
normalmente também da responsabilidade do "perdigão".
A dimensão do território varia consoante a
disponibilidade de alimento, água e abrigo, e pode
variar entre os 1-2 ha até valores acima dos 18 ha. É
uma espécie monogâmica, iniciando de uma maneira geral a
postura a partir de fins de Abril princípios de Maio a
Junho numa pequena depressão no meio de vegetação
rasteira.
O número médio da postura ronda os 14 ovos, mas esse
número pode ir de 12 a 20. Nalguns casos verificaram-se
posturas de mais de vinte ovos, que se pensa
corresponderem a situações em que o macho acasalou com
mais de uma fêmea (posturas comunais). Os ovos são
incubados pela fêmea durante 23 a 26 dias. As fêmeas
mais velhas tendem a realizar a postura mais cedo. É
frequente a construção de dois ninhos consecutivos (duas
posturas sucessivas) em que o macho fica encarregue da
incubação de um ninho.
A percentagem de ninhos bem sucedidos andará à volta de
45%, fruto da destruição de ninhos por predadores ou
pela acção do Homem (e alguns abandonados, dada a
sensibilidade da perdiz na altura do choco). Se esta
destruição for precoce, a fêmea pode construir outro
ninho (postura de substituição) sendo a produtividade
desta menor.
A percentagem de ovos eclodidos é em regra geral elevada
(sendo menor nas segundas posturas, normalmente devido
ao calor).
Na altura da incubação, o efeito de uma população
excessiva (principalmente um elevado número de machos)
pode ter como consequência uma diminuição do sucesso
reprodutivo, pois os machos comportam-se de forma
agressiva com as fêmeas chocas, levando-as a abandonar o
ninho.
Como é uma espécie nidífuga, os perdigotos abandonam o
ninho à nascença, permanecendo a ninhada junto da fêmea.
O primeiro voo ocorre normalmente por volta das seis
semanas de idade, estando nesta altura os juvenis menos
dependentes da progenitora. Nesta altura a fraca
disponibilidade de pontos de água e abrigos naturais
pode diminuir a taxa de sobrevivência, pois obriga as
ninhadas a percorrer maiores distâncias.
O sucesso reprodutivo pode ser avaliado através do
índice jovem/adulto no fim do Verão (Agosto). Este
índice pode variar desde os 0,5 até valores superiores a
4. Em Portugal são comuns valores entre os 2,5 e os 3,5.
Contudo este índice varia muito de ano para ano (por
exemplo devido a condições climatéricas adversas – verão
mais quente e seco), e por isso a sua análise tem de ser
cuidada.
No início do Outono poderão ser vistos grupos com 5 a 6
indivíduos (ou seja, dois progenitores e a sua prole),
grupos estes que formarão os grandes bandos, que podem
ter mais de vinte indivíduos, que se avistam no Outono e
Inverno.
A densidade de perdizes depende das características do
habitat, do clima, da predação e da pressão cinegética.
Em Portugal são normais os valores desde os 0,01 até 1
perdiz por ha (situação excepcional pois foi verificada
na Tapada da Ajuda em Lisboa). O valor médio andará por
volta das 0,1 a 0,2 perdizes por hectare. Conhecem-se
contudo situações em Espanha onde foram caçadas cerca de
5000 perdizes num couto com 1600 ha.
Os principais predadores são a raposa (Vulpes vulpes), o
ginete, o gato-bravo, alguns rapináceos, o javali (Sus
scrofa) e os corvídeos, estes últimos predando
principalmente os ninhos e perdigotos. É de salientar
ainda o efeito predador de alguns animais domésticos e
assilvestrados, que muitas vezes são responsáveis pela
destruição de ninhadas inteiras, especialmente os cães e
gatos, causando prejuízos avultados.
Os principais predadores são a raposa (Vulpes vulpes), o
ginete, o gato-bravo, alguns rapináceos, o javali (Sus
scrofa) e os corvídeos, estes últimos predando
principalmente os ninhos e perdigotos. É de salientar
ainda o efeito predador de alguns animais domésticos e
assilvestrados, que muitas vezes são responsáveis pela
destruição de ninhadas inteiras, especialmente os cães e
gatos, causando prejuízos avultados.
A actividade do Homem pode também ser a causa da
diminuição da densidade de perdizes num dado local, e
mesmo do seu desaparecimento. São frequentes situações
em que os agricultores e pastores têm pouco cuidado,
sendo responsáveis pela destruição de ninhos e pela
morte de ninhadas provocadas por máquinas agrícolas e
pela perturbação causada pelos rebanhos. Estas situações
podiam ser muitas vezes evitadas, bastando para tal
manter a tranquilidade de zonas com de elevada densidade
de perdizes na altura do choco, atrasando alguns dias as
práticas referidas.
Esta espécie gosta de zonas sem grande coberto para
caminhar, pois conseguem assim detectar a presença de
predadores, são por isso avistadas com frequência nos
asseiros e caminhos rurais. A existência de pontos de
água (charcas, pequenas barragens e cursos de água) é
também favorável à ocorrência de perdizes (bem como de
toda a fauna bravia), pois ajuda as famílias a passar os
meses mais quentes do ano.
Parece ter alguma preferência por zonas em que a
presença de sebes, caminhos e muros é maior, pois junto
a estes desenvolve-se uma estrutura de vegetação que,
para além de bom local para o ninho, proporciona
alimento e local de abrigo.
Para além da diminuição de habitat e da pressão
cinegética (muitas vezes associada a uma gestão pouco
racional) as nossas populações bravias estão a diminuir
devido a repovoamentos mal feitos, muitas das vezes
recorrendo a indivíduos de cativeiro de má qualidade,
causando um novo tipo de perturbação, a poluição
genética, pois estamos a perder as características da
nossa perdiz ao cruzá-la com indivíduos de outras
espécies.
Nos terrenos de regime livre, onde não existe gestão
cinegética (para além das restrições de calendário e de
exemplares caçados), esta bela ave praticamente
desapareceu. Nas zonas onde foram implementadas Zonas de
Caça (principalmente turísticas) a população de perdizes
parece estar a aumentar, resultado de algumas medidas de
gestão implementadas com sucesso, de uma diminuição (e
controlo) da perturbação e devido a uma gestão mais
eficaz da pressão cinegética.
Como exemplo de algumas medidas (umas de mais fácil
implementação que outras) que podem favorecer as
populações de perdiz podemos salientar:
- a manutenção de pontos de água (a construção de
pequenas charcas);
- comedouros e bebedouros;
- evitar sempre que possível o corte de culturas
forrageiras nos locais de maiores densidades (ou exercer
uma perturbação regular entre Janeiro e Março nas folhas
destinadas a serem gadanhadas, ou ainda semear com
densidades elevadas;
- montagem de uma barra com correntes suspensas (espanta
caça) à frente da gadanheira;
- repovoamentos;
- culturas para a fauna;
- disponibilidade elevada de locais (ou zonas) de
abrigo;
- controle de predadores, principalmente a raposa e a
pegas (Pica pica e Cyanopica cyana).
Assim, é uma espécie que carece de medidas adequadas a
uma gestão sustentada de um recurso importante não só
para a economia regional, mas também para a conservação
de muitas outras espécies (não só de predadores, mas
também espécies com necessidades semelhantes às da
perdiz).
Informação retirada do website http://www.confagri.pt |