Perdiz vermelha
Nome comum: perdiz-vermelha
Nome científico: Alectoris rufa
Outras designações: perdiz-comum
Peso: 700 g.
Comprimento: 34 cm
Fenologia: Residente
A perdiz-vermelha (Alectoris rufa) é uma das espécies cinegéticas mais apreciadas pelos caçadores ibéricos, tanto pela sua abundância em grande parte do território nacional, como pelo seu comportamento desportivo. A par do coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus), é também uma presa-chave para a maioria dos grandes predadores da Península Ibérica, sendo por isso a sua gestão crucial não apenas para a caça menor, mas também para os esforços de conservação da biodiversidade.
Trata-se de uma ave terrestre de aspeto arredondado. O topo da cabeça é cinzento, com uma faixa branca que passa sobre os olhos e uma listra ocular que desce pelo pescoço até à barra peitoral malhada, envolvendo o mento e a garganta, de cor creme. Possui bico e patas vermelhas, sendo a garganta delineada por uma faixa branca marginada de preto.
É uma espécie gregária, podendo formar grandes bandos, especialmente no final do inverno, que se desintegram com o início da época reprodutiva. Encontra-se em quase todo o território nacional, preferindo áreas abertas com mosaicos de culturas agrícolas e mato denso, desde que existam pontos de água durante os períodos mais quentes do ano.
A sua dieta é composta sobretudo por sementes e rebentos de plantas bravias e agrícolas, embora também consuma invertebrados como insetos, moluscos e outros, especialmente durante a fase juvenil (perdigotos).
O mimetismo é a sua principal defesa, evitando o voo sempre que possível. Quando necessário, voa de forma curta, rápida e direta até zonas com vegetação mais densa, produzindo um som característico.
Os machos escolhem e defendem o território com agressividade, não tolerando a presença de outros machos. A fêmea é atraída pelo canto e, muitas vezes, o macho também escolhe o local do ninho.
Os territórios variam de 1-2 hectares a mais de 18 hectares, consoante a disponibilidade de alimento, água e abrigo. A postura inicia-se entre finais de abril e junho, com a construção de ninhos em depressões de vegetação rasteira. O número médio de ovos ronda os 14, podendo variar entre 12 e 20. Há casos de posturas comunais superiores a 20 ovos.
A incubação, da responsabilidade da fêmea, dura entre 23 e 26 dias. Em casos de duas posturas consecutivas, o macho pode ficar responsável por um dos ninhos. Cerca de 45% dos ninhos têm sucesso, sendo os restantes destruídos por predadores, máquinas agrícolas ou abandonados por perturbações humanas.
Os perdigotos nascem nidífugos e abandonam o ninho logo após a eclosão, permanecendo com a mãe até às seis semanas de idade, quando são menos dependentes. A escassez de água e abrigo pode reduzir significativamente a taxa de sobrevivência nesta fase.
O índice jovem/adulto no final do verão (agosto) é uma forma de avaliar o sucesso reprodutivo. Em Portugal, este índice varia geralmente entre 2,5 e 3,5, embora possa ser afetado por condições climáticas adversas.
No início do outono formam-se pequenos grupos familiares, que depois se juntam em bandos maiores, com mais de 20 indivíduos, comuns no outono e inverno.
A densidade populacional varia entre 0,01 e 1 perdiz por hectare, sendo o valor médio em Portugal de 0,1 a 0,2. Em zonas bem geridas, como coutos cinegéticos em Espanha, podem registar-se capturas superiores a 5.000 perdizes numa área de 1.600 hectares.
Os principais predadores são a raposa, o ginete, o gato-bravo, o javali, alguns rapináceos e os corvídeos (estes últimos especialmente predadores de ninhos e perdigotos). Animais domésticos e assilvestrados, como cães e gatos, também causam perdas significativas.
As práticas agrícolas e pastorais podem ter impacto negativo direto na reprodução da perdiz. Máquinas e rebanhos podem destruir ninhos ou perturbar as fêmeas durante o choco. Medidas simples, como atrasar operações em zonas críticas, podem prevenir perdas.
A espécie prefere áreas abertas, como caminhos e aceiros, onde tem maior visibilidade sobre predadores. A presença de água (charcas, barragens) é essencial, bem como zonas com sebes, muros e vegetação diversificada, que fornecem alimento e abrigo.
O declínio das populações bravias deve-se também a repovoamentos mal planeados, com indivíduos de cativeiro de má qualidade, causando poluição genética. Nalgumas zonas de regime livre, a espécie praticamente desapareceu. Pelo contrário, em zonas de caça turística com boa gestão, as populações têm recuperado.
Algumas medidas de gestão que favorecem a perdiz-vermelha incluem:
- Manutenção de pontos de água (charcas, bebedouros);
- Disponibilização de alimento (comedouros);
- Evitar cortes forrageiros em zonas de alta densidade durante a época de reprodução;
- Uso de técnicas de espanta-caça em operações agrícolas;
- Repovoamentos bem planeados;
- Instalação de culturas específicas para a fauna;
- Criação de zonas de abrigo e tranquilidade;
- Controlo de predadores, nomeadamente raposas e pegas.
A gestão sustentável da perdiz-vermelha é essencial não só para a economia rural e para a prática cinegética, mas também para a conservação de espécies que partilham o habitat e dependem direta ou indiretamente da sua presença.
Informação retirada do website http://www.confagri.pt
